aos distantes


mais rápida que a lente cristalina
somente a retina capta o céu.
e mais lenta e mais necessária,
embora imprecisa, só mesmo
a caneta é capaz de imprimir 
no papel aquilo que se sente.

é pena, perdeu-se a foto
e o sol, acreditem, não se repete,
é movimento puro e constante.
é fogo: o sol não se congela.
não há tempo de se ir a cata de retrato 
parece lento e exato mas já foi
é cor que escapa feito nuvem algodão doce.

a lua, ansiosa, se anuncia plena e pronta,
toda cheia de si e quando desponta
ainda há luz no céu e vai subindo
quando o sol se distrair. esse,
roxo lá na barra, alaranja ondina,
deixa o rio vermelho e se põe
grená lá de amaralina.
pronto.

e por lá é só 
azul morrendo
rosa discreto e 
lua disfarçada
no coqueiro.

mas 
não cabe, 
não deu
já era, 
perdeu.

só posso dizer o que dizia a bahia:
não era você que detinha a saudade
era ela que a sua falta sentia.

5 comentários:

  1. Os tambores ritmam seu coração e a energia da terra irradia sua alma. É com orgulho que a Bahia sussurra: Voa, meu filho!

    ResponderExcluir
  2. Menino do céu!

    Vcs aí são muito bairristas, afe! :)

    Lindo, lindo! clap, clap!

    E vc heim?! A cada dia se superando...

    Quando eu crescer quero "poemar" igualzim

    Beijo grande!

    Tia Rê.

    ResponderExcluir