bandeirantes

aos poucos minha memória traça mapas,
advinha as curvas, liga os pontos,
desbrava
e os olhos dizem "estou aqui"
o meu tato se transforma em GPS

paciente
a cidade aguarda que eu a guarde
e se move muito lenta, avisando
meses qualquer mudança na paisagem

(enquanto isso o vento frio e sujo
da paulista avenida deixa pretas
todas as listras de sua bandeira)

olhando assim
a cidade até que é bem domingo
espreguiçando seu meio dia

nós é que somos feitos
da mesma matéria das
seis seis seis
da tarde

e manchamos a paz
dos seus dias

3 comentários:

  1. tento estar em outras horas...de repente ouço pelo telefone a poesia, eu, bem no meio da casa onde moram tantos homens da rua e então sou cinco, cinco e cinquenta e nove, sou antes das seis.

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  2. Não sei em que horas, mas me sinto perdida e sem GPS...

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  3. Desbravar a palavra,
    encontrar a poesia,
    "o tamanho exato
    de seu abismo".

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