tua

aos poucos o velocíssimo fluxo de imagens e pensamentos veio dar em realidade. o inverso do processo de construção dos sonhos. mais uma vez levantava por perto do amanhecer, naquela luz azulada das quase cinco. fui ver uma água pra entender a pausa. nessa ilha de silêncio o relógio saltou da parede aos olhos: eram três e meia. impossível. o dia nunca chegara tão cedo. fui à sala, onde a luz era mais forte e claríssima no chão. olhei o poste alaranjando a rua e só então entendi a dona daquela branquidão aquosa. nem sequer um cão latia, abrindo mão da noite que lhe pertence com suas dores e gozos uivantes. era ela sozinha no espaço. as nuvens não saíram a passeio, em respeito àquele sol noturno. e eu, que essa semana a vi encher dia após dia, cada pequeno centímetro quilômetro... veio só pra dizer: acorda, vem ver meu brilho máximo, vem. vem que todos dormem e sou da rua. vem me ver... que é só por hoje que me mostro toda e tanto e tua.

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