reconstrução

quando ruírem as paredes da minha casa
e os sons dos estilhaços irromperem nos meus sonhos
quando a luz e os azulejos cortarem os meus olhos
e o pó que foi concreto se espalhar na minha cara

quando sumir o cimento do chão que me esfria os pés
e os dedos do vento bagunçarem minhas memórias
quando bons pedaços de vidro voltarem a ser areia
e nos ventres dos vermes repousarem os meus papéis

quando o concerto de destroços me esticar aqui na cama
e esse troço de conserto destruir toda a minha calma
quando a explosão da terra interromper a trajetória

da implosão de tudo que se intromete em minha história
eu olharei os olhos do mundo, molharei as plantas
e voltarei a dormir: limpo, tranquilo, calado e nu

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