do que resta

escavando a poeira das minhas memórias
encontro a matéria delicada dos sonhos
e juntando peças aparentemente aleatórias
me cerco dos meus amores e assombro

constato as ruínas
mas acho belo o que resta
templos, altares
sacrifícios e festas

controlo a entrada
protejo o que vejo
e destaco no mapa
de quem visita meus olhos

não escondo nada do meu passado
nem choros nem glórias
mas procuro em mim outro espaço
pra construir novas histórias

vou encostar numa cidade vizinha
feito um turista sem guia nem programação
vou encontrar um lugar em que eu poderia
morar muitos dias mesmo depois do verão

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