noite

quando o céu molha o chão lá fora
o som das gotas estourando o teto
me remete a uma vontade intensa
de ver o vento destelhar a casa

o temporal anoitecendo as luzes
encharcando a tela da tv azul, limpando
o branco da cozinha, calando o âmbar
do abajur, limando o verde dos aquários

os móveis, parados, teriam ouvido
cada sílaba sua em minha orelha
e o dito às pétalas e plantas ouriçadas:

o mundo inteiro sumirá num furacão
e nós, as coisas, não acharemos espaço
nem calor que possa um pouco com esses corpos

Nenhum comentário:

Postar um comentário